Pergunte a qualquer garoto de uma escola: "quem inventou o rádio?". Se você obtiver uma resposta, ela será sem dúvida Marconi – uma resposta com a qual as enciclopédias e os livros de texto concordam. Ou faça uma outra: "quem inventou os materiais que compõem sua tostadeira, seu som estéreo, a iluminação pública, e permite às fábricas e escritórios funcionarem? Sem hesitação, Thomas Edison, certo? Errado em ambos os casos. A resposta correta é Nikola Tesla, uma pessoa que você provavelmente nunca ouviu falar. Há mais. Ele descobriu os raios-X um ano antes que W. K. Roentgen o fizesse na Alemanha, ele construiu um amplificador a válvula antes de Lee de Forest, estava usando luzes fluorescentes em seu laboratório 40 anos antes que a indústria os "inventasse", e demonstrou os princípios usados nos fornos de microondas e radar décadas antes que eles se tornassem uma parte integral de nossa sociedade. Não obstante, não associamos o seu nome com nenhum deles.
Por cerca de 20 anos na virada do século, ele foi conhecido e respeitado nos círculos acadêmicos mundiais, correspondeu-se com físicos eminentes de sua época, incluindo-se Albert Einstein, foi citado e consultado em matéria de ciência elétrica, adotado pela alta sociedade de Nova Iorque, respaldado por gigantes das finanças e da indústria tais como J. P. Morgan, John Jacob Astor e George Westinghouse. Teve como amigos eminentes artistas, tais como Mark Twain e o pianista Ignace Paderewski. Contam-se às dúzias os seus graus honoríficos, prêmios (inclusive o Nobel) e outras citações.
Tesla nasceu em Smijlan, Croácia, em 1856, filho de um clérigo e de uma inventiva mulher. Ele tinha uma extraordinária memória, que tornou-lhe fácil aprender seis idiomas. Entrou para a Escola Politécnica em Gratz, onde por quatro anos estudou matemática, física e mecânica, confundindo mais de um professor pela sua extrema compreensão da eletricidade, uma ciência ainda na infância, naqueles dias. Sua carreira prática começou em Budapeste, Hungria, em 1881, onde fez sua primeira invenção elétrica, um telefone repetidor (um alto-falante comum), e concebeu a idéia de um campo magnético rotativo, o qual mais tarde tornou-o mundialmente famoso, na forma de um moderno motor de indução. O motor de indução polifásico é que fornece energia para virtualmente todas as aplicações industriais, de correias transportadoras a guinchos para máquinas operatrizes.
As habilidades mentais de Tesla requerem alguma menção, desde que, não somente ele tinha uma memória fotográfica, como também possuía a habilidade de usar uma visualização criativa com uma intensidade fantástica. Ele descreve em sua autobiografia, quão hábil ele era para visualizar um aparato em particular, testá-lo realmente, desmontá-lo e checá-lo, para que funcionasse na prática. Durante a fabricação de suas invenções, ele trabalhava com todos os planos e especificações em sua cabeça. O invento, após ser montado sem nenhuma modificação, funcionava perfeitamente. Tesla dormia apenas uma ou duas horas por dia, e trabalhava continuamente em suas invenções e teorias sem descanso e sem tirar férias. Podia avaliar as dimensões de um objeto ao centésimo de polegada, e realizar difíceis cálculos em sua cabeça, sem ajuda de régua de cálculo ou tábuas matemáticas. Muito longe de ser um intelectual em sua torre de marfim, ele tinha muita consciência do mundo à sua volta, fazia questão de tornar acessíveis as suas idéias ao público em geral, através de freqüentes artigos escritos para os jornais, e em seu próprio âmbito, através de palestras e artigos científicos.
Ele decidiu vir para os EUA em 1884. Trouxe com ele vários modelos dos primeiros motores de indução, que depois de um breve e infeliz período trabalhando para Edison, foram mostrados a George Westinghouse. Foi nas oficinas de Westinghouse que o motor de indução foi aperfeiçoado. Numerosas patentes foram tiradas desta invenção inicial, todas sob o nome de Tesla.
Tesla trabalhou brevemente para Thomas Edison quando veio para os estados Unidos, criando muitos melhoramentos nos motores e geradores de Corrente Contínua de Edison, mas deixou-o após muitas controvérsias, e de Edison ter-se recusado a honrar suas promessa de pagar bônus e direitos. Este foi o começo de uma rivalidade que veio a ter péssimas conseqüências mais tarde, quando Edison e seus financiadores fizeram tudo ao seu alcance para deter o desenvolvimento e a instalação do sistema de Tesla, muito mais eficiente e prático, de distribuição de energia urbana através de energia de Corrente Alternada. É curioso que Edison fez com Tesla o mesmo que os antigos fornecedores de iluminação pública à gás fizeram contra ele, tentando desprestigiá-lo e ao seu invento: a iluminação pública por Corrente Contínua. Edison levou às cidades um tipo de show no qual tentava retratar a Corrente Alternada como perigosa, chegando ao ponto de eletrocutar e matar animais pequenos e grandes (em um caso, um elefante) perante grandes audiências. Como resultado desta campanha de propaganda, o estado de Nova Iorque adotou a eletrocussão por Corrente Alternada como método para executar condenados. Tesla ganhou a batalha, ao demonstrar a segurança e a utilidade da Corrente Alternada, quando iluminou e forneceu eletricidade à Feira Mundial de Nova Iorque de 1899.
O mais importante trabalho de Tesla ao final do século dezenove foi um sistema original de transmissão de energia através de antena. Em 1900, Tesla obteve suas duas patentes fundamentais sobre transmissão de energia sem fio, que envolviam o uso de quatro circuitos sintonizados. Em 1943, a Suprema Corte dos Estados Unidos concedeu a Nikola Tesla plenos direitos sobre a patente de invenção do rádio, substituindo e anulando qualquer reclamação anterior de Marconi e outros, em relação à "patente fundamental do rádio". É interessante notar que Tesla, em 1898, descreveu não somente a transmissão da voz humana, mas também de imagens, e posteriormente projetou e patenteou dispositivos que envolviam as fontes de energia que fazem funcionar os tubos de TV atuais. As primeiras e primitivas instalações de radar, em 1934, foram construídas seguindo os princípios, principalmente os relativos a freqüência e potência, já descritos por ele em 1917.
Em 1889 Tesla construiu uma estação experimental em Colorado Springs, onde ele estudou as características da alta freqüência, ou de freqüências de rádio em corrente alternada. Lá ele desenvolveu um potente rádio transmissor em um projeto singular, e também um número de receptores "para individualizar e isolar a energia transmitida". Ele realizou experiências para estabelecer as leis da propagação das ondas de rádio, as quais estão atualmente sendo "redescobertas", e mesmo verificadas, após alguma controvérsia, nas altas energias da física quântica.
Tesla escreveu em "Century Magazine" de 1900: "...que a comunicação sem fio para qualquer ponto do globo era possível. Minhas experiências mostraram que o ar em sua pressão normal torna-se um condutor, e isto abre um panorama maravilhoso para a transmissão de grandes quantidades de energia elétrica para propósitos industriais a grandes distâncias sem o uso de fios... sua realização prática poderia significar que a energia estaria disponível ao uso humano em qualquer ponto do globo. Não posso conceber nenhum avanço técnico que poderia, melhor do que este, unir toda a humanidade, ou que poderia mais e mais economizar a energia humana... ". Isto foi escrito em 1900! Depois que terminou os testes preliminares, o trabalho começou em uma estação tamanho gigante em uma praia recuada de Long Island. Tivesse entrado em operação, ela poderia prover enormes quantidades de energia elétrica para os circuitos receptores. Depois da construção de um prédio de geração (ainda de pé) e uma torre de transmissão de cerca de 55 metros de altura (dinamitada durante a Primeira Guerra Mundial, sob o dúbio pretexto de ser uma referência potencial para a navegação de barcos alemães, os U-boats), o suporte financeiro para o projeto foi repentinamente cortado por J. P. Morgan, quando tornou-se manifesto que tal projeto de fornecimento de energia não poderia ser medido e nem cobrado.
Uma outra das invenções de Tesla, que é familiar a qualquer um que já tenha possuído um automóvel, foi patenteada em 1898 sob o nome de "ignição elétrica para motores a gasolina". Mais comumente conhecida como o sistema de ignição do automóvel, seu principal componente, a bobina de ignição, permanece praticamente sem mudanças desde o seu aparecimento, na virada do século.
Nikola Tesla também projetou e construiu protótipos de uma máquina rotativa por queima de combustível incrível, baseada em um projeto anterior de uma bomba rotativa. Testes recentes que tem sido realizados na turbina a disco sem hélice indicam que, se construída usando materiais cerâmicos para alta temperatura recentemente desenvolvidos, colocar-se-ia entre os mais eficientes motores a gasolina do mundo, sobrepujando nossos atuais motores de combustão interna a pistão, em economia, longevidade, adaptabilidade a diferentes combustíveis, e relação custo/potência.
A generosidade de Tesla eventualmente deixou-o sem fundos suficientes para prosseguir realizando as suas invenções. O seu idealismo e humanismo deixavam-no desanimado com as intrigas do mundo industrial e financeiro. Seu laboratório de Nova Iorque foi destruído por um incêndio misterioso. Referências ao seu trabalho e às suas realizações foram sistematicamente expurgadas da literatura científica e dos livros de texto. Levado a um exílio fechado em um hotel de Nova Iorque entre as duas guerras, 20 anos de uma potencialmente rica e produtiva contribuição foram tiradas de nós. As únicas ocasiões em que aparecia em público eram nas entrevistas anuais à imprensa na data de seu aniversário, que ele descreveria invenções espantosas e de grande alcance, e sobre as possibilidades da tecnologia. Elas eram distorcidas pela imprensa sensacionalista, particularmente quando ele descrevia sistemas de armas avançadas às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Morreu na obscuridade em 1943. Somente o FBI percebeu: eles vasculharam seus papéis (em vão) procurando pelo projeto da "máquina do raio da morte". É interessante notar que a motivação para o sistema de defesa "Guerra nas Estrelas" dos EUA foi baseado no receio de que os soviéticos tivessem começado a empregar armas baseadas nos princípios de alta energia de Tesla. Relatos públicos de "ofuscamento" de satélites de vigilância dos EUA, bolas de fogo e relâmpagos anômalos a altas altitudes, interferências de ondas de rádio ELF [Extremely Low Frequency - Freqüência Extremamente Baixa (geralmente, abaixo de 300 Hz)], e outros casos, emprestaram crédito a esta interpretação.
Mais uma vez, por causa dos interesses financeiros e políticos, a humanidade ficou privada de invenções e avanços tecnológicos que teriam, em grande parte, acabado com muitas das mazelas que atualmente temos em nossa sociedade.
Se as invenções de Tesla fossem aplicadas naquela época, teríamos internet, wi-fi e energia elétrica abundante e gratuita, entre outras, já no século 19. Imaginem o que não teríamos agora...
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