Ter inteligência amorosa é, antes de qualquer coisa, ter auto-estima, saber a hora certa de falar e de calar, de chegar e de se retirar, de impor e de aceitar. E como diz o psiquiatra e escritor José Angelo Gaiarsa, "é a arte de se relacionar bem com os outros, de ter tato, de perceber o parceiro. De ter a percepção do não-verbal: o rosto, o tom de voz o sorriso. Tudo isso quer dizer muitas coisas", diz ele.
Mas muitas pessoas são inteligentes em todos os aspectos da vida, e quando chega a hora de se relacionar amorosamente não conseguem se dar bem: pressionadas pelo mundo, pela competitividade (que o mercado de trabalho impõe), pela mídia (que estabelece padrões de comportamento) pela família e pelos amigos (que cobram status e estado civil), tornam-se presas fáceis de sua ansiedade e da falta de tato. Resultado: frustração.
"Quando você se dá bem com alguém, a convivência é como uma dança", explica o Dr. Gaiarsa. "Dançar é ter inteligência amorosa com esta pessoa, e significa olhar bem, ouvir com atenção a música da voz, dialogar usando a percepção: não é entender o outro com a cabeça nem dialogar com as palavras; é perceber o outro inteiramente", ensina.
Atitudes de amantes inteligentes.
De nada adianta ser extremamente apaixonado(a), fazer juras de amor, dar milhões de presentes e ser um(a) expert na cama se você não tiver inteligência amorosa: amar, só - mesmo que seja muito - não é o suficiente
para que uma relação vá em frente. Ou, o que ainda é mais difícil, para que ela dê certo.
Ter inteligência amorosa significa não ter preguiça de perceber o seu próprio comportamento ( prestar atenção nas próprias atitudes), como também o comportamento do parceiro. É, também, um exercício de doação, generosidade e maturidade.
Algumas atitudes que significam inteligência amorosa:
-Aceitar que o parceiro mantenha amizade com pessoas que você não aprecia - se não se tratar de gente do mal, mas apenas de uma antipatia sua.
Escolher as amizades dele(a) não é um direito seu.
-Respeitar e aceitar opiniões e atitudes do outro, mesmo que, a princípio, você tenha a sensação de estar sendo desconsiderado(a). O sentimento de desconsideração quase sempre já vem embutido na discordância. Antes de discutir, avalie as reais conseqüências da divergência.
-Entender que quando o outro prefere ficar só ou encontrar os amigos não está rejeitando você - a rejeição é um sentimento negativo, que faz mal e que facilmente pode tomar conta de pessoas apaixonadas. Aprender a dividir o(a) parceiro(a) com outras pessoas (no sentido de reconhecer a autonomia de quem amamos) não somente é saudável como também é um exercício de maturidade e generosidade.
-Não entrar no jogo do outro, quando ele(a) está nervoso(a) e provoca uma briga. Saber ficar calado(a) e manter a calma diante de uma provocação é a melhor maneira de evitar desentendimentos desnecessários e desgastantes.
-Ser capaz de fazer uma crítica ou uma queixa de forma direta, objetiva e tranqüila - e, dessa forma, evitar cobranças, não deixando que a reclamação original evolua para uma lista de queixas ou de defeitos.
Assim, não terminar a questão com uma briga.
- Não varrer problemas ou divergências para debaixo do tapete esperando que as coisas se resolvam sozinhas, nem fechar a cara e ficar em silêncio para encerrar um assunto difícil - mas esperar o momento mais propício (quando ambos estiverem calmos e, portanto, capazes de dialogar) para resolver as coisas.
Parece dificil, não é, gente?
Mas dá pra começar a colocar em prática
Vamos?
José Ângelo Gaiarsa
psiquiatra e escritor
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