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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Respondendo E-mails

Para os que me escreveram perguntando sobre Talit, Kipá e Yom Kipur, segue abaixo as respostas e coloco também um quadro meu, para ilustrar a matéria. Neste quadro, o Rabino está vestido com o Talit e o Kipá, no dia do Yom Kipur

Talit

O talit – טַלִּית (no hebraico moderno), talet - טַלֵּית (em sefaradi) ou talis (em Iídiche) é um acessório religioso judaico em forma de um xale feito de seda, lã (mais caro e elegante que o de seda) ou linho, tendo em suas extremidades as tsitsiot ou sissiot "sefaradi" (franjas). Ele é usado como uma cobertura na hora das preces judaicas, principalmente no momento da oração de Shacharit (primeiras orações feitas pela manhã).

O talit (também conhecido como "talit gadol" - טלית גדול) é usado pelos homens no momento da oração na sinagoga e no momento da oração do Shacharit. O talit isola o que esta orando do mundo a sua volta e facilita-o na em sua concentração durante a oração. Sobre o talit se interpreta: um dos objetivos deste acessório é criar um ambiente de igualdade entre os oram na sinagoga, tendo então concordância com uma cobertura homogênea que estaria sobre as roupas, deixando todos iguais.

Entre os asquenazitas, o costume de se cobrir com o talit se reserva aos homens apenas após o casamento. De acordo com este costume, quando se está solteiro, é permitido cobrir-se com talit só em ocasiões especiais, como no momento que eles são chamados para serem “Olim” - עולים (plural de “Olê” - עולה, denominação aos que são chamados para ler a Torá nas sinagogas).

Os judeus orientais (também chamados de “mizrahiim”) têm o costume de se cobrir com o talit a partir da idade de treze anos, quando o menino faz o Bar Mitzvah ou até mesmo antes dessa cerimônia. Comunidades Conservadoras e Reformistas permitem também às mulheres fazerem uso do talit apesar da lei Judaica tradicional isentarem as mulheres dessa obrigação.

Uma observação deve ser feita aqui, o Talit só é usado nas sinagogas durante o dia. O único dia que se usa nas orações ao anoitecer é no dia do perdão (Yom Kipur), onde o Rabino toca o Shofar.

Kipá

Breve História da Kipá:

Os judeus cobrem a cabeça durante a oração, muitos homens ortodoxos vestem uma pequena kipá (em idish, "iarmulka", ou "kapele", em hebraico "kipá") o tempo inteiro para se lembrar da presença de D'us.

Talvez esse hábito tenha nascido por causa do ritual do Templo, onde o sacerdote usava uma cobertura de cabeça. O Talmud recomenda que se cubra a cabeça dos meninos pequenos, para educá-los nos bons ensinamentos e serem fiéis ao crescerem.

Há relatos, de que, durante a idade média, cobrir a cabeça, mesmo na sinagoga, não era uma prática universal. Os chapéus especiais, que os judeus eram obrigados a usar, nos países cristãos e muçulmanos, presumivelmente, solidificaram este costume. Hoje em dia, a cobertura da cabeça, serve para diferenciar os judeus, particularmente dos cristãos, que descobrem a cabeça na igreja. Assim, membros do movimento Chassídico usam geralmente um solidéu de veludo sobre um chapéu preto ou um shtreiml, enquanto muitos israelenses usam um solidéu tricotado.

As mulheres ortodoxas, após o casamento, passam a cobrir suas cabeças como sinal de recato, já que a exposição do cabelo é considerada uma forma de exposição indevida.
Baseado no Dicionário Judaico de lendas e tradições de Alan Unterman.

Yom Kipur

Os dias entre Rosh Hashaná e Yom Kipur são conhecidos como os Dez Dias de Penitencia, uma oportunidade a todos de fazer um auto-exame e buscar o perdão e a purificação para serem inscritos no Livro da Vida. Conforme o Talmude (a bíblia oral), todas as ações do ser humano no ano que passou são avaliadas por D-us em Rosh Hashaná e o julgamento é realizado em Yom Kipur.

Para todos os judeus, estes se tornaram dias de reverencia, os Dias Temíveis.
"Aos dez dias deste sétimo mês é o dia das expiações; convocação de santidade será para vós, e afligireis suas almas (através do jejum)..." (Lev. 23)

Yom Kipur, o Dia do Perdão, é o dia mais sagrado e solene do ano, o auge dos Dez Dias de Penitencia iniciados em Rosh Hashaná. Neste dia, em cada congregação, os rolos da Torá (bíblia) são retirados da Arca Sagrada e carregados dentro das sinagogas.

O Kol Nidrei (em aramaico significa "todos os votos" ou "todas as promessas"), apesar de tocar o fundo da alma judaica, infundindo em cada um dos presentes temor e esperança, na realidade não é uma oração e o texto sequer menciona o tema arrependimento. É uma declaração coletiva que permite aos que estão presentes anular promessas, votos ou juramentos feitos a D-us e não cumpridos. No Yom Kipur, na hora do Kol Nidrei, somos lembrados que a palavra é sagrada e que promessas assumidas dever ser escrupulosamente respeitadas.

Para o judaísmo, votos e juramentos são compromissos de extrema importância e a Torá é explícita neste ponto. Um mandamento bíblico afirma que uma promessa proferida não deve ser quebrada. Esta proibição é tão grave que o Talmude diz que o mundo treme diante dela e, portanto, não podemos nos aproximar de D-us para implorar Seu perdão sem antes nos termos livrado do grave pecado de ter violado nossa palavra a Ele.

O Talmude aconselha evitar juramentos e votos. É muito importante lembrar que, assim como o Yom Kipur só absolve as transgressões do homem em sua relação com D-us, o Kol Nidrei nos libera somente de votos ou juramentos pessoais feito a D-us e só a Ele. Em hipótese alguma nos libera de promessas, juramentos ou votos que envolvam outras pessoas; estes só poderão ser anulados quando, na presença de todos os envolvidos, todos estiverem de acordo com a anulação.

Sem a possibilidade do arrependimento o mundo não poderia existir, já que ao criar o homem com o livre arbítrio - a liberdade de escolha entre o bem e o mal - D-us deu-lhe a possibilidade de errar, de se afastar Dele. Mas ofereceu-lhe também a possibilidade de voltar para Ele, a possibilidade de mudar o curso de sua vida, de arrepender-se, de "aproximar-se de D-us afastado-se do pecado", de retornar.

Yom Kipur é um dia único, especial e indispensável, no qual o homem tem condições espirituais para d'Ele se aproximar. No dia de Yom Kipur o poder do mal é suspenso e a Santidade Suprema é revelada. Em Yom Kipur o homem tem a possibilidade de se elevar espiritualmente atingindo o nível dos anjos. Os pecados que cometeu contra D-us, se ele se arrepender sinceramente, serão perdoados, permitindo-lhe retomar seu caminho em direção à Luz. Neste dia, assim como os anjos, Israel não come, não bebe, não usa sapato de couro. É o único dia que podemos recitar em voz alta a bênção do primeiro versículo da oração Shmá Israel (Escuta ó Israel...): "Bendito seja o Nome da glória...eternidade". Segundo a tradição, no momento em que recebeu a Torá e a trouxe para o povo de Israel, Moisés ouviu esta bênção dos anjos. Sendo esta oração dos anjos, é recitada em voz baixa o ano inteiro. Apenas em Yom Kipur, quando Israel se assemelha a um anjo, esta frase é dita em voz alta.

Nossos sábios ensinam que, apesar dos Portões do Arrependimento estarem sempre abertos, as condições espirituais que estão presentes neste dia e que nos permitem distinguir com mais facilidade o bem do mal, não existem em nenhum outro momento.

Foi neste dia 10 de Tishrê, Yom Kipur, que D-us perdoou o imperdoável: o bezerro de ouro. Foi neste dia que, após 40 dias de súplica para que D-us perdoasse os Filhos de Israel, Moisés desceu com o segundo par de tábuas dos Dez Mandamentos, prova do perdão Divino pelo pecado do bezerro de ouro. Enquanto Moisés estava no Monte Sinai pedindo e suplicando pelos Filhos de Israel, D-us lhe revelou Seus Treze Atributos de Misericórdia.

Ao proclamá-los, D-us estava mostrando a Moisés que a Sua Misericórdia supera todas as considerações sobre erros que o homem possa ter cometido no passado ou venha a cometer no futuro. D-us também mostrou a Moisés que se o homem usar de misericórdia, perdoando os que estão a sua volta, ele poderá se conectar espiritualmente com o mundo da Misericórdia Divina, conseguindo que seus próprios erros sejam perdoados. Por isso nossos sábios nos ensinam que se o homem perdoar a quem o magoou, se mostrar benevolência e generosidade para com seu semelhante, os Céus vão tratá-lo da mesma forma.

Espero ter esclarecido as dúvidas.

Luz e Paz,

Marilda Jorge

4 comentários:

Sara H. disse...

Marilda eu não imaginava que você conhecesse tanto do povo judeu!!!
Obrigada pelas respostas e acredite ajudou muito a minha comunidade.
Parabéns pela matéria e pelo seu quadro maravilhoso. Ele expressa a vivencia do povo judeu antigo.
Os senhores dos antigos dias!
Shalom!

Marilda Jorge disse...

Todos os dias devemos estudar muito, isso ajuda a crescer e permanecer!
Beijos e muita Luz e Paz!

Antonio Cruz disse...

PARABENS PELA AULA PROFUNDAMENTE RESUMIDA!

Marilda Jorge disse...

Obrigada pela visita e muita Luz e Paz!

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