Seguidores

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O SILÊNCIO


Muitas vezes nós, na ânsia de ensinarmos os outros, acabamos por falar coisas as quais nossos ouvintes não estão prontos para ouvir.

Isso pode parecer estranho, mas, certas pessoas ficam ofendidas e se sentem agredidas ao ouvirem, nem que seja, uma pequena partícula de verdade.

Então, muitas vezes, é melhor manter silêncio, para evitar situações desagradáveis.

Buda também mantém o silêncio nesta parábola budista, para não causar um mal:
Quando um andarilho de nome Vacchagotta lhe perguntou diretamente se havia um eu, Buda permaneceu silencioso. - Então, não existe um eu? Tornou a perguntar o andarilho. Uma segunda vez o Mestre ficou em silêncio.

Então, o errante Vacchagotta levantou-se do seu assento e partiu. Em seguida, seu primo e discípulo Ananda perguntou a Buda, desconcertado:
- Por que o senhor, Mestre, não respondeu quando foi perguntado pelo errante Vacchagotta?

- Seu eu, Ananda, respondesse que há um eu, isto seria concordar com aqueles brâmanes e eremitas que são eternalistas (isto é, a idéia de que existe uma alma eterna). Se eu, Ananda, respondesse que não há um eu, isto seria concordar com aqueles brâmanes e eremitas que são aniquilacionistas (de que a morte é a aniquilação da experiência). O andarilho Vacchagotta, já confuso, teria ficado ainda mais confuso (e teria pensado): "Anteriormente não havia um eu para mim? Agora deixou de existir?"

Não havia uma maneira de responder à questão daquele homem sem reforçar uma visão equivocada sobre o eu. Daí o silêncio. Não era um caso de má vontade. 

Buda sabia que o que quer que ele respondesse não ia causar um bem ao homem, nem ia provocar uma mudança em seus conceitos, pois segundo uma outra parábola budista Buda já o conhecia e havia tentado explicar para ele (sem sucesso) algo parecido. 

O budismo prega, entre outras coisas, a palavra correta, isto é: não mentir, não falar em vão nem usar palavras ásperas ou caluniosas. Prega também que, se não tem nada útil para dizer, guarde o nobre silêncio. É respeitar o nível evolutivo de cada indivíduo.


Bodhidharma - Mestre hindu difusor do Zen Budismo e do Shoringi Kempo na China e no Japão - certo dia perguntou aos seus melhores discípulos o que eles haviam aprendido sobre o Dharma.

Tao-fu aproximou-se e disse: "Eu percebi que o caminho budista transcende a linguagem e a palavra, embora não separado da linguagem e da palavra".
Bodhidharma respondeu: "Você atingiu minha pele."

Tsung Chih disse: "O que eu aprendi é como ver a Aksobya (Paraíso eterno, terra do Buda). Após vê-la, você não pode descrevê-la".
Bodhidharma respondeu: "Você atingiu minha carne."

Tao-yu disse: "Os quatro elementos estão originalmente vazios e os cinco agregados não existem. Nada do que entendi é atingível".
Bodhidharma respondeu: "Você atingiu meu osso."

Por fim, Hui-k'o fez uma reverência ao Mestre e permaneceu imóvel, em silêncio.
Bodhidharma então falou: "Você atingiu minha medula".

Nenhum comentário:

Site Meter