Lembro da minha avó materna sentada numa sala repleta de jovens filhas, as minhas tias, umas bordando, outras conversando, enquanto a mais moça de todas tocava no piano o Netuno de Chopin. Algumas vezes participávamos destas reuniões em silêncio e adoração, pois era lindo sermos crianças e filhas destas mulheres bonitas, jovens e mães.
Via minha mãe rir gostoso e as brincadeiras delas eram sobre os bebês, as fraldas, os cueiros, as viras das mantas, os bordados, os sapatinhos de lã que de tão fofos, as netas queriam pegar.
Os netos passavam correndo, levavam uma leve bronca e corriam para o quintal para evitar um corretivo maior. A maioria das minhas tias e primas eram calmas e não me recordo de vê-las descuidadas ou nervosas por algo banal e sem sentido.
Os mais velhos eram venerados por sua sabedoria e capacidade de solucionar as mais variadas situações.
Todas curtiam essas reuniões semanais com veneração. Se engordavam ou emagreciam, se sentiam amadas e bonitas do mesmo jeito e quando voltavam para seus lares estavam revigoradas e coradas.
Eu já vivi um tempo diferente, onde a corrida era bem maior e ter um filho ou dois já era uma loucura. Reunião familiar só de vez em quando se tivesse tempo e o trabalho permitisse.
Falávamos com nossas mães ao telefone todos os dias e aos finais de semana íamos visitar nossos pais para que vissem os netos e a nós. Falávamos de vários assuntos como escola das crianças, cursos nossos, do nosso trabalho, das compras, dos progressos dos filhos e dos nossos, do conserto do automóvel e do seguro dele que cada vez estava mais caro.
Vivi uma época de transição onde as mães modernas eram rápidas, descoladas, intelectuais e já brigavam pelos seus direitos em relação à independência e trabalho. Mas para tudo ainda os pais estavam presentes e aquele cheiro de mãe era sagrado e importante.
Hoje falamos por e-mail, Messenger, pelo celular entre uma corrida aqui e outra na academia, ou levando as crianças para o colégio, fazendo o supermercado, indo ao dentista, buscando as crianças, fazendo compras num shopping para o níver dos amiguinhos dos filhos, administrando a casa de longe e marcando o cabeleireiro, nesta maratona semanal.
O mundo mudou e as mães do mundo se globalizaram, mas o amor continua o mesmo dentro de cada uma, só que com algumas ressalvas...
Na maioria das vezes o lar também é um escritório e a mãe, esposa, amante, namorada é também uma bem sucedida empresaria.
Com tudo isso, ainda devemos agradecer que nestes tempos ainda existam filhos e mães.
Do jeito que o mundo está se transformando, muito em breve nossos filhos e netos terão medo de ter filhos. Isso já se vê em vários lugares do mundo e aqui no Brasil, já existe uma corrente de jovens que não desejam de forma alguma se casar e menos ainda ter filhos.
Então enquanto puderem, curtam muito estes momentos que hoje são bem raros, o momento de encontro com as mães ou familiares, não para falar dos problemas e sim, rir deles. Curtam o cheiro dos pais, sintam o abraço gostoso e se já forem bem velhinhos, cuidem deles com muita paciência e amor.
Vamos viver nesta nova época, que embora seja corrida, arranjando um tempo onde possamos valorizar os entes queridos e principalmente as mamães no mês delas.
Luz e Paz,
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