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domingo, 16 de janeiro de 2011

A Perda da Alma

Texto enviado por Celeste Duarte Lisboa, obrigada pela colaboração.

“A perda da alma” - Um dos gritos modernos mais importantes em favor do homem é o de Julia Kristeva, uma das mais brilhantes e respeitadas intelectuais da atualidade. A psicanalista búlgara, professora da Sorbonne, constata que o homem moderno está perdendo a sua alma, mas não se dá conta disso. A princípio, quem estiver lendo pode achar que essa perda é um desencontro com Deus, um abandono do espírito e horrorizar-se.... Não, nada a ver.

Não dizem que tal cantor fez o show com a alma? Que a atriz interpretou colocando sua alma no palco? Na nossa alma estão as emoções mais puras, a intuição, os sonhos, o Sentido (além dos sentidos), o talento virgem, a pujança dos sentimentos. A habilidade de amar, por exemplo, é um grande sinal anímico. Ou alguém é capaz de amar, de amar mesmo, sem que seja através da alma? Pode-se ter simpatia, carinho, atenção, atração física, até um certo envolvimento gostoso, mas amor é alma e fim de papo.

Mas por que essa fabulosa mulher clama que estamos perdendo a nossa alma? O faz através desta instigante questão: ‘‘Confrontada aos antidepressivos e ansiolíticos, à aeróbica, ao utilitarismo social, à Sociedade do Espetáculo, ao poderio econômico, ao massacre da mídia e à absoluta futilidade, a alma ainda existe? ’’

Justamente na medida em que banalizamos essa vida a um ponto inacreditável, tornando-a um instrumento, um objeto, quase um eletrodoméstico que trabalha ininterruptamente em favor de um resultado ou daquilo que se espera dele por parte de quem o manuseia constantemente.

Banalizar é colocar-se por inteiro no padrão externo, nada deixando resguardado. Gostaria muito que vocês se lembrassem deste apelo: não podemos passar a existência no desperdício único da prestação de serviços! Como isso é sério, gente! Fundamental para o resguardo da nossa alma é a consciência de que uma parte de nós não entra no mundo.

Ou seja, há uma parte sua que não é casada com ninguém, que nunca teve filhos, que não é profissional de nada, brasileiro, membro desta ou daquela entidade. Uma parte saudavelmente intacta.... Aí vive a nossa alma. Fica então um pedido: Dê 80% de você para o mundo e para os outros, mas guarde 20%...

É por esse percentual que circulam os seus sonhos, a chance de renovação, a transformação, a criatividade, a possibilidade de mudar, renovar, re-significar. Mesmo que isso custe o chamado de ‘‘egoísta’’ por parte dos outros, ainda que todos os elogios que lhe façam estejam apenas nos 80%.

Tenha a certeza de que os 20% guardados não farão a menor falta para os outros, mas, para você, são fundamentais.

Para que não descubra tarde demais que nada fez por si mesmo, para derramar-se no inédito e não cair na massificação total, no se desconstruir em nome do nada, para ter o que entregar ao espírito, o correspondente da alma num outro plano, quando surgir a pergunta... O que fizeste por ti ?

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