Seguidores

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Lado Escuro da Comida

Texto enviado por Marcia Maria de Rizzo, obrigada pela colaboração.

por: Claudia Carmello, Barbara Axt, Eduardo Sklarz e Alexandre Versignassi


A indústria dos alimentos nunca produziu tanta porcaria. Seu prato de comida polui mais do que o seu carro. E estamos sendo envenenados por pesticidas. Ou não? Descubra o que é Verdade e o que é Mentira nas intrigas, que rondam os nossos alimentos.

Frango. Água. Maizena modificada. Soda para cozimento. Sal. Glicose. Ácido cítrico. Caldo de galinha. Fosfato de sódio. Antiespumante dimetilpolissiloxano. Óleo hidrogenado de soja com antioxidante TBHQ. Isso tudo, agregado a mais 26 ingredientes, é o que conhecemos pelo nome de nugget. A receita é produto de um sistema, que faz de lasanha congelada a tomates, mais ou menos do mesmo jeito que se fabricam canetas, ventiladores ou motos.

É a agropecuária industrial. Ela começa nos combustíveis fósseis. Petróleo, carvão ou, mais comum hoje, gás natural, são a matéria-prima dos fertilizantes. E os fertilizantes são a matéria-prima de tudo o que você come, seja alface, sejam dois hambúrgueres, queijo e molho especial - no pão com gergelim.

Verdade - Fertilizante mata

Matam peixes, não pessoas. Mas mata. Resíduos de fertilizante vão parar em rios, e daí para o mar. Lá eles fertilizam algas e elas crescem. Mas isso não é bom: quando elas morrem, sua decomposição rouba oxigênio da água. E os peixes sufocam. São as chamadas zonas mortas. Existem quase 400 delas nos mares.

Sem eles para anabolizar as plantações, não haveria comida para todo mundo. O problema é que, com eles, podemos ficar sem mundo.

"Na porteira da fazenda, ainda antes do uso, um saco de 100 quilos de fertilizante químico já emitiu 4 vezes esse peso em CO2, para ser fabricado. Depois que aplicam no solo, pelo menos 1 quilo daquele nitrogênio (elemento principal do fertilizante) é liberado para o ar, em forma de óxido nitroso, um gás quase 300 vezes pior para o aquecimento global do que o CO2", diz o agrônomo Segundo Urquiaga, da Embrapa.

Nessa toada, a agropecuária consegue emitir sozinha 33% dos gases-estufa do mundo, mais do que todos os carros, trens, navios e aviões juntos, que somam 14%.

Além disso, os fertilizantes deixam resíduos de baixo da terra, que chegam aos lençóis freáticos e acabam no mar. Mas isso é pouco, comparado ao que a comida moderna pode fazer ao seu corpo.

Voltemos ao nugget...

VOCÊ É FEITO DE MILHO E SOJA

Os empanados de frango são um dos ícones da indústria de alimentos, baseada, como qualquer outra, em mecanização, uniformização, produtividade. Essas exigências levam a um fato curioso: há quase 40 ingredientes diferentes em um nugget, mas 56% dele é milho.

A maizena é farinha de amido de milho - o ácido cítrico, a dextrose, a lecitina, tudo é feito com moléculas desse grão. Ou com grãos de soja, dependendo do que estiver mais em conta no mercado de commodities agrícolas (pensando bem, até a galinha é feita de milho e soja - é isso que ela come de ração).

Metade da área plantada no Brasil é dominada pela soja, que aparece em 70% dos alimentos processados. E um terço das plantações americanas são lavouras de milho Isso acontece porque soja e milho produzem mais calorias, que a maioria das plantas; são resistentes ao transporte e a anos de estocagem, entre outras vantagens competitivas.

Mas, qual é o problema de se chegar a essa variedade de comida, com apenas dois grãos? Os bois podem dar uma primeira resposta.

No mundo desenvolvido, praticamente toda a carne sai das fazendas de confinamento - galpões, onde os bois passam a vida praticamente empilhados uns nos outros, só engordando. Nesses galpões, a comida do boi não é capim, mas ração à base de milho e soja. O inconveniente é que ele não come grãos.

Industrialmente falando, um boi é uma máquina que transforma celulose de capim (algo que o nosso organismo não digere) em proteína comestível - a carne dele. Mas capim é bem menos calórico que milho e soja. Para ele crescer rápido e ir logo para o corte, tem que ser ração mesmo. Só que o metabolismo do bicho pena para processar tanta comida indigesta.

A fermentação dos grãos, no sistema digestivo dele, pode causar um inchaço do rúmen (o estomago do boi) que pressiona os pulmões e pode matar o animal. Para combater isso, os criadores enchem os bois de antibiótico: 70% dos antimicrobiais, usados nos EUA, são misturados às rações de animais. O problema é que isso cria superbactérias resistentes a antibióticos.

É Darwin em ação: os antibióticos nem sempre matam todas as bactérias. Às vezes sobram algumas que, por mutação genética, nasceram imunes ao remédio. Sem a concorrência de outras bactérias, elas se reproduzem à vontade. Nasce uma cepa de micro-organismo mais resistente a qualquer antibiótico. Elas podem ser letais. Ainda mais se for parar na prateleira do supermercado.

Foi o que aconteceu com uma variedade agressiva de Escherichia coli. Em 2001, o garoto americano Kevin Kowalcyk, de 2 anos de idade, comeu um hambúrguer contaminado por essa bactéria e morreu 12 dias depois. O caso produziu algo inusitado: um recall de hambúrguer.

No Brasil, isso não é um problema. Só 6% do nosso abate vêm de confinamentos, contra 99% nos EUA. Aqui os bois ficam soltos. Bom para eles, pior para as bactérias. Mas pior também para as florestas.

Nossos pastos são formados à custa de desmatamento da Amazônia e do cerrado. E isso leva o Brasil ao posto de 5º maior emissor de CO2 do mundo. Quase 52% dos nossos gases-estufa vêm do desmatamento.

Para frear isso, de forma realista (porque parar de criar bois e de exportar carne não têm nada de realista), a solução é o confinamento. Só que essa modalidade de criação também não é a panacéia para o ambiente. Os galpões de gado causam tantos impactos quanto uma cidade grande: lixo, esgoto, rios poluídos... Até mais, na verdade. Só os animais confinados, que existem hoje nos EUA, produzem 130 vezes mais dejetos, do que todos os americanos juntos.

Todas essas fezes vão para grandes lagos de esterco, que servem de parque aquático para bactérias: elas podem passar desses lagos para o solo de uma lavoura. Podem e conseguem. Só de recalls de vegetais contaminados por E. Coli já foram 20, na última década, nos EUA. Em 2009, um surto de salmonela matou 8 pessoas e adoeceu 600 por lá. Grave. Mas não deixam de ser casos isolados.

Ficou preocupado? Comece a escolher melhor seu tipo de alimentação...
Só você pode fazer isso!

Um comentário:

Joemir Rosa disse...

Como já comentei contigo algumas vezes, há uns 40 anos não se falava em osteoporose, por exemplo. Ela é causada pelos tantos aditivos químicos (principalmente, os conservantes) adicionados nos alimentos industrializados. Estes aditivos diminuem a capacidade do organismo de assimilar o cálcio!
Em pleno século XXI descobrimos que não é somente o peixe que morre pela boca!

Parabéns pela excelente matéria!

Beijos!

Site Meter