Sessão Saúde e Prevenção
Texto de Jairo Len, da Clinica Len de pediatria.
A questão dos orgânicos é complicada, em vários aspectos. Não pretendo chegar aqui a nenhuma conclusão, mas colocar algumas questões do dia-a-dia. Nas consultas pediátricas os orgânicos são assunto diário.
Em primeiro lugar, quero lembrar que a "nossa geração" e a dos nossos pais foi alimentada desde criancinha com alimentos sem grandes controles agrícolas, com agrotóxicos hoje proibidos, sem preocupações. E somos longevos, bem longevos. Não se atribui nenhuma doença crônica ao uso de pesticidas nos alimentos - os hábitos ruins que comprometem anos de vida são o cigarro, o excesso de sal e gorduras, o stress. Não se comprovou que quem consome só orgânicos (tirando outros viéses) vive mais ou melhor.
Nada contra estes alimentos.
O que penso é que para se produzir um alimento orgânico é preciso muita cautela e responsabilidade.
Não se jogam pesticidas só para matar pulgão e gafanhotos - também se controlam bactérias e fungos presentes nas raízes, nas folhas, que podem ser nocivos à saúde.
De modo que para produzir um orgânico é necessária uma tecnologia, seriedade, estudo, controle de pragas.
Como sabemos que a certificação é válida? É séria? (estamos no Brasil, só para lembrar). Há multas e fiscalização para se ter certeza que você não está comprando gato por lebre?
Vende-se, por aqui, remédio falso para câncer - lembro que o último escândalo envolveu a produção de Androcur (para câncer de próstata) pela centenária botica Veado D'Ouro, em 1998.
Voltando aos agrotóxicos... É preciso ter certeza que o produto orgânico é de verdade e bem feito.
Em contrapartida, existe uma legislação e teórica fiscalização da produção agrícola não-orgânica - não é um oba-oba - temos níveis máximos de química a ser usada, e limitações dos tipos de agrotóxicos.
Ainda restará a questão: vale pagar mais caro pelo orgânico "de verdade", o bom produto? Deixo a resposta para cada um, que sabe o quanto pode gastar. O mercado destes produtos é valiosíssimo, rentável, grande. De acordo com nutricionistas, os produtos mais bombardeados por agrotóxicos são tomates, morangos, uvas, pêssegos, pimentões. Já ouvi dizer (de um produtor) que a laranja também.
Essa informação vale para quem queira usar "alguns" orgânicos, sem obsessão. Os orgânicos sérios podem ser mais nutritivos, mas não creio que esta diferença seja fundamental.
No conjunto a obra ("Nutrição") acho que existem fatores mais importantes que o fato do alimento ser ou não orgânico. Uma alimentação adequada e balanceada é uma chave para a saúde a longo prazo.
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