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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A Jangada


"Há esta grande extensão de água... mas não há barco nem ponte. Então irei coletar grama, galhos, ramos e folhas, e juntá-los como uma jangada. Desta forma eu irei cruzar com segurança para a outra margem. O Dharma é similar a uma jangada, que existe com o propósito de cruzar o rio, e não para se agarrar/ater a ela."

(Buda; Majjhima Nikaya XXII)

Assim como o Dharma (que, no caso, se refere ao conjunto de ensinamentos e tradições do budismo para alcançar a iluminação) é apenas a ferramenta (jangada) feita com elementos banais, que muitos tomariam como lixo, muito do próprio ensinamento (no seu caráter individual, como as parábolas) pode ser encarado pela mesma ótica: elementos banais, costumeiros, que são transformados pelo autor em um ensinamento transcendente.

Muitos Mestres nos presentearam com belas parábolas, tais como Krishna, Mirdad, Gibran Khalil Gibran e Zaratustra. Mas, na minha opinião, o maior alquimista de todos, aquele que melhor pegou os elementos circundantes (cenários, objetos, gestos, palavras e respostas) e os transformou em ouro, foi Jesus.

Seus ensinamentos são de uma simplicidade que cativa os mais simples, e profundidade que encanta os estudiosos. Sua "jangada" pode parecer tosca à primeira vista. Fraca e balouçante ao sabor da correnteza, sua construção é tão pouco ortodoxa que muitos não aceitam embarcar nela, embora queiram atravessar o rio.

Mas sua trama, se analisada de perto, é tão delicada e ao mesmo tempo tão forte (como a teia de aranha) que esta jangada permanece ativa até os dias atuais.

E você, o que vai fazer? Vai atravessar o rio, se agarrar à jangada ou se sentar na beira do rio e ficar apenas olhando?

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