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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Gua Sha

Sessão Saúde e Prevenção

Texto enviado por Munir Zugaib, obrigada pela colaboração.

E, para você, que gosta de terapêuticas heterodoxas, aqui um trecho do livro da Sonia Bridi, contando suas histórias quando era correspondente da Globo na China.

Só para você entender: Paulo é o marido, Mariana a filha de 20 anos, Pedro o filho de 3 anos, e Fafá é a babá do menino.
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Uma dor de cabeça me persegue há dias. Na volta ao hotel, Paulo está calado. Pego em sua mão e sinto que ele está queimando. Num gesto automático passo a outra mão na sua testa. A febre é alta.

- Há quanto tempo você está assim? – indago?

- Sei lá, não estou bem desde cedo.

Abro a porta do apartamento e estão todos mal. Pedro tosse muito e está bastante congestionado. Mariana sente dor na garganta e por todo o corpo. Fafá assoa seguidamente o nariz, e diz que havia servido chá, mas todos continuam se sentindo mal.

Em viagem com as crianças sempre carrego uma caixa de primeiros socorros, com muitos produtos naturais e homeopáticos e também um termômetro e um antipirético. Cada um de nós toma uma dose de própolis e outra de vitamina C, e passo a verificar as temperaturas.

Todos estão um pouco febris, mas Paulo bate nos 40 gráus. Duas horas depois de tomar um tilenol, a febre não cede. Fafá aparece com novalgina, ela toma, e nada. Peço socorro à embaixada, e logo chega o médico indicado por eles. É brasileiro, tem nome árabe, e é especialista em medicina chinesa. Ahmed Yousif El Tassa é magrinho, tem fala mansa, entra com uma malinha na mão e pergunta:

- Quem é o paciente?

- Ponha a pergunta no plural, doutor.

O médico começa pelo caso mais grave. Examina Paulo, diz que pode dar remédios convencionais, mas propõe um tratamento pela medicina tradicional chinesa. Vejo nos olhos de Paulo a vontade de reagir. Ele não confia em medicina alternativa, sempre chamando de placebo meus remédios homeopáticos.

Desta vez, entretanto, está tão mal que fica quieto. O doutor Ahmed explica que vai fazer um procedimento chamado Gua Sha - uma raspagem nas costas, usando uma espátula, como se fosse um pente sem dentes, e um óleo vermelho. Começa raspando em cima, provocando um vermelhidão subcutâneo, e vai até a cintura.

O Gua Sha é uma prática milenar chinesa, que vai rompendo os pequenos vasinhos junto à pele. Acredita-se que assim as toxinas são eliminadas.

(Deixa as costas tão feias, durante uma semana, que nos Estados Unidos uma família de emigrantes chineses - pais e avós - foram parar na cadeia acusados de abuso, porque a professora viu as costas do menino e achou que ele tinha sido espancado. A história foi até transformada em filme, chamado Gua Sha).

Enquanto raspa, o médico pede a Paulo que informe quando a náusea começar. No seu delírio de febre, Paulo ainda tem lucidez para pensar que está sendo abusado pela mulher doida e o médico saído sabe – Deus – de - onde. Acha ridículo acreditar que uma raspagem nas costas baixará a febre ou provocará náuseas. Mas apesar de sua descrença, a febre baixa repentinamente, e ele sente náuseas, sim!

Passado o mal-estar, o médico faz uma sessão de quiropraxia - estalando todas as articulações do corpo - entrega uma série de remédios à base de ervas, com as instruções de uso, e passa a cuidar do próximo.

Estávamos há poucos dias na China. É normal que o corpo sofra com a diferença de temperatura de mais de 40 gráus - deixamos o verão de 30 graus no Brasil para enfrentar 10 graus negativos em Pequim - enfraquecendo o sistema imunológico, e facilitando a infecção pelos vírus do novo ambiente, que são diferentes dos que já nos infectaram antes. O doutor Ahmed ouve o pulmão e o peito do Pedrinho, faz uma massagem na mão dele, entre o indicador e o polegar, e avisa que ele pode ter ânsia de vômito.

- Uma massagem na mão, doutor? - Agora a incrédula sou eu.

Alguns minutos depois preciso sair correndo com Pedro no colo para o banheiro. Tudo o que congestionava o seu peito é posto para fora.

Mariana, Fafá e eu somos tratadas com algumas agulhas de acupuntura e, depois de 4 horas, o médico se vai, deixando todos melhores e com uma pilha de remédios chineses que iremos tomar direitinho.

É a noite da conversão do Paulo. Desde então, ele passa a acreditar que existe mais alguma coisa, entre o céu e a terra além do que a indústria química e farmacêutica pode explicar.

2 comentários:

Joemir Rosa disse...

A Medicina Natural é o caminho da religião (do latin, religare = religar), ou seja, nos religarmos à Natureza, à Energia Maior como fonte de energia para nos reequilibrarmos.
Deixamos de viver a vida natural para um modelo de vida totalmente artificial, praticamente sem contato com a Natureza!
Pé no chão, banho de cachoeira, mato!

Beijos!!!

Marilda Jorge disse...

O ser humano esclarecido já esta mudando os seus valores e com isto, muitos estão se beneficiando.
Beijos

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