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sexta-feira, 10 de maio de 2013

MONJA COEN

Meu nome é Coen. É um nome composto de dois caracteres chineses. "Co" significa "só" ou "um só, única" (como monos em latim) e "en" significa "círculo perfeito" ou "compleição, perfeição". Há um poema Chinês muito antigo no qual esses caracteres aparecem.

Mente-lua
Única e perfeita
A luz permite todas as formas
Quando luz e formas não são
O que é?

Os poemas Zen budistas são geralmente intrigantes. Manifestam o estado iluminado superior ou conduzem a questionamentos que encorajam a penetração no cerne do ser.

Vocês fizeram um momento de meditação hoje, antes do início deste encontro? Não? Então os convido. Vamos nos sentar sem recostar nas poltronas mantendo as costas retas, os pés firmes no chão, paralelos. Vamos procurar encontrar nosso ponto de equilíbrio balançando o corpo para a esquerda e para a direita como um pêndulo. Ao perceber o centro físico de seu corpo, fique aí. Solte o ar pela boca, profundamente. Esvazie os pulmões de ar e a mente de todos os pensamentos, idéias, conceitos. Coloque as mãos no mudra cósmico, ou seja, a direita por baixo e a esquerda sobre ela, ambas com as palmas para cima, apoiando as costas das mãos no colo e tocando com os dedos mínimos o abdômen. Os polegares em linha reta se tocam de leve, como se houvesse uma finíssima folha de papel entre eles. A ponta da língua no palato atrás dos dentes frontais. Os olhos pousados, entreabertos, num ângulo de 45 graus. Soltando todo o ar, vamos perceber tudo o que é neste instante. Vamos encontrar o ponto de equilíbrio perfeito. Exatamente aqui, exatamente agora. Foco firme e perfeito abrange toda a vida do universo.

Isto é Zen.

Zen significa um estado de meditação profunda. Não é algo que possa ser comprado em alguma loja. Nós temos de fazê-lo!
A palavra vem do sânscrito Dhyana ou Jhana, que os chineses chamaram de Ch'na e os japoneses de Zen.

O Buda histórico, Xaquiamuni, que viveu cerca de 600 anos antes de Cristo, torna-se Buda através da meditação, através do Zen. Num tratado muito antigo, transcrito de um país para outro por monges discípulos de Buda, o Livro da Transmissão da Luz - anais da transmissão dos ensinamentos de mestre a discípulo em sucessão histórica - o episódio de Xaquiamuni Buda é o Prólogo.
Segundo essa narrativa Xaquiamuni Buda sentou-se em Zen por uma semana. As ervas cresceram entre seus braços e pernas, um pássaro fez o ninho na sua cabeça, e teias de aranha cobriram seu corpo. Imóvel e irremovível assim permaneceu.

Na manhã do oitavo dia, depois de sete dias e sete noites de meditação profunda, durante a qual percebeu sua mente cheia de dúvidas, incertezas e tentações, tendo sido de permanecer focalizado no instante absoluto, ao ver a estrela da manhã, subitamente despertou e exclamou:
- Eu e todos os seres do céu e da terra, simultaneamente, nos tornamos o Caminho.

O Caminho é em todos nós! O ser iluminado percebe isto com clareza consciente.

Uma vez perguntaram a Buda:
- O que é a Verdade? Viemos discutir a verdade.
- Então não é sobre a verdade que nós vamos falar, porque a verdade não se discute - ela é! Sendo assim é impossível discutir a verdade.

Quando falamos o verdadeiro, todos entendemos. Não é verdade?

Quando não é a verdade se manifestando sabemos. Por quê?

Não é apenas porque lemos ou estudamos em algum lugar, mas porque todos nós sabemos em nós. Somos a manifestação da verdade do universo.
Há um monge que viveu na China por volta do século VIII. Seu nome era Gensha Shibi. Era uma pessoa simples, um pescador. Uma noite saiu como sempre para pescar com seu pai. O mar estava revolto, Águas turbulentas, ventania. O idoso pescador caiu do barco. O filho tentou, em vão, salvá-lo.
No vazio da noite escura as nuvens se abriram e a lua despejou-se no mar.
Foi nessa circunstância que ele entendeu aquilo que os monges estavam comentando alguns dias atrás. Os reverendos falavam sobre a lua na água, sobre a iluminação da mente, a paz de Nirvana. Gensha Shibi se aquietou.
Ao voltar à praia, deixou seu barco de pesca e foi para o mosteiro.
Anos e anos se passaram. Foi nomeado Abade Superior. Respeitado por monges e leigos que se juntavam para ouvir seus ensinamentos do Darma.

- O universo é uma jóia arredondada. Somos a vida do universo em constante transformação. Não há fora nem dentro.

Quando percebemos o que Gensha Shibi percebeu, quando penetramos no ponto de equilíbrio central do ser como Xaquiamuni Buda, a paz se manifesta, a verdadeira compreensão superior.

Conecta-se com o despertar a noção de profetas de tolerância. Mas creio que hoje em dia temos de ir um passo adiante da tolerância apenas. É preciso conhecer e respeitar as diferenças, compreender.

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