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terça-feira, 30 de março de 2010

Três níveis de percepção do Divino no Estudo da Cabalá

Os textos dos próximos quatro dias foram enviados por Renée Gribov, agradecemos a colaboração.

Revista Morashá - Edição 67 - março de 2010

A Hagadá de Pessach, recitada durante o Seder, conta a história de como o povo judeu, que começou como uma família de 70 pessoas e se tornou uma grande nação - o Povo escolhido por D'us para receber Sua Torá.

A Hagadá nos conta acerca de eventos que precedem e sucedem o Êxodo – a amarga escravidão sofrida por nossos antepassados, as Dez Pragas que venceram o Faraó, o Êxodo, a divisão do Mar e a outorga da Torá no Monte Sinai, entre outros. Mas, o clímax do processo de constituição dos judeus em uma nação ocorreu não em 15 de Nissan - dia do Êxodo e primeiro dia de Pessach - mas 50 dias mais tarde, quando D'us Se revelou a todos os Filhos de Israel e lhes deu a Torá - um evento que é comemorado na festa de Shavuot.

As festividades de Pessach e Shavuot são ligadas de forma indissolúvel.
Começando na segunda noite de Pessach e terminando no dia antes de Shavuot, fazemos a contagem do Omer - um mandamento de grande significado místico.

Durante os 49 dias dessa contagem, somos obrigados a trabalhar sobre nós mesmos e a aumentar nossa espiritualidade para que, em Shavuot, o dia cujo tema é nossa dedicação ao estudo e ao cumprimento da Torá, possamos estar em um nível espiritual mais elevado do que estávamos antes do início de Pessach. O processo do crescimento espiritual que se inicia em Pessach culmina, pois, em Shavuot.

A seguir analisaremos três marcos no processo que se iniciou quando Moshé (Moises) foi enviado por D'us para libertar o Povo Judeu e que culminou com a Revelação Divina no Monte Sinai. Tais marcos são as Dez Pragas que se abateram sobre o Egito, a divisão do Mar de Juncos e o recebimento da Torá.

As Dez Pragas

Quando D'us se faz ver a Moshé e lhe atribui a missão de voltar ao Egito e libertar o Povo Judeu da escravidão, o profeta responde: "Mas eles não acreditarão em mim, nem ouvirão minha voz, pois dirão: 'O Eterno não apareceu a ti!'" (Êxodo, 4:1).

D'us então lhe diz que tome seu cajado e o atire ao chão, e, ao fazê-lo, o cajado se transforma em uma serpente. O Eterno ordena que Moshé agarre o rabo da serpente, e ele obedece. A víbora volta a ser o cajado.

D'us instrui Moshé a realizar esse milagre diante dos judeus para que "… creiam que o Eterno, D'us de teus pais - o D'us de Abrahão, o D'us de Isaac e o D'us de Jacob - apareceu a ti!" (Ibid, 4:5). Mas, caso um sinal não fosse suficiente para fazê-los acreditar, D'us dá a Moshé um segundo milagre, dizendo-lhe que se mesmo realizando os dois o povo não desse atenção a suas palavras: "Tomarás das águas do Nilo e derramarás no seco; e as águas que tomarás do rio tornar-se-ão sangue no seco" (Ibid, 4:9).

Essa passagem da Torá deixa claro que D'us, que é Onisciente, sabia que a maneira mais rápida de fazer com que o Povo Judeu acreditasse Nele e em Moshé seria através da realização de milagres. Os judeus - escravizados, desesperados e desesperançados - necessitavam de milagres para acreditar que o D'us de seus antepassados não os tinha renegado. E assim, quando Moshé volta ao Egito, ele e seu irmão Aharon reúnem os anciãos judeus, diante de quem Moshé realiza os milagres, segundo as instruções Divinas.

Ao testemunhar os milagres, "o povo acreditou, e compreenderam que o Eterno visitara os Filhos de Israel e vira sua aflição, e curvaram-se e se prostraram". (Ibid, 4:31). Quando Moshé e Aharon, então, invadem o palácio do Faraó e exigem a libertação do Povo Judeu, eles não pedem misericórdia nem ameaçam com algum tipo de rebelião. Em vez disso, realizam milagres, exatamente como haviam feito antes perante os judeus.

Pois D'us havia dito a Moshé: "E não vos escutará o Faraó, e porei Minha mão sobre o Egito, e tirarei os Meus exércitos, o Meu povo, os filhos de Israel da terra do Egito, com grandes juízos. E o Egito saberá que Eu sou o Eterno, ao estender a Minha mão sobre o Egito, e tirarei os Filhos de Israel dentre eles". (Ibid, 7:4-5).

De fato, a confrontação entre o líder egípcio e Aharon e Moshé foi um duelo sobrenatural. Para provar ao Faraó que falavam em Nome de D'us, Aharon atirou o cajado de seu irmão e o transformou em serpente. Mas o Faraó chama seus sábios feiticeiros, que conseguem repetir o feito. O rei egípcio pressupõe que Moshé e Aharon são magos como os seus, e não leva a sério sua alegação de que falam em Nome do Altíssimo. É nesse ponto que o episódio das Dez Pragas se inicia.

Continua...

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