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quarta-feira, 31 de março de 2010

As Dez Pragas do Egito – Segunda Parte

A primeira delas transformou o Nilo em sangue. Aharon ergue o cajado e toca o Nilo, tornando suas límpidas águas sangue puro. Mas os feiticeiros egípcios conseguem replicar esse milagre, e o Faraó, assim sendo, imagina que Moshé e Aharon apenas executavam mágicas - prática comum no Egito.

Os bruxos egípcios conseguem, pois, replicar a segunda praga, mas não a terceira, e dizem ao Faraó que essa última não era magia, mas "o dedo de D'us". Mas o Faraó supõe que também a terceira deveria ser algum tipo de bruxaria mais elevada e que, certamente, os dois irmãos deviam ser melhores na magia que seus magos. Somente quando a sexta praga, a sarna, na realidade, bolhas que se transformavam em úlceras, causando grande sofrimento físico, assola o Egito, seus bruxos ficam totalmente desmoralizados.

Pois, apesar de serem profundos conhecedores da magia negra, eles não conseguem proteger nem a si próprios. Tornava-se cada vez mais claro aos egípcios que Moshé não era um simples mago e que as pragas eram verdadeiramente obra de D'us.

À medida que as demais pragas trazem cada vez mais destruição e miséria ao Egito, os emissários do Faraó lhe imploram: "Até quando isto será um impedimento para nós? Envia os homens, e que sirvam ao Eterno, seu D'us" Ainda não notastes que o Egito está perdido?" (Ibid, 10:7). Mas foi preciso que viesse a décima e última praga - a morte dos primogênitos - para finalmente quebrar o Faraó. Ele tinha sido alertado várias vezes por Moshé para que tivesse a chance de se arrepender, salvando a si próprio e a seu povo.

Bem verdade que D'us endurecera o coração do Faraó, dificultando o seu
arrependimento, sendo isto uma forma de punição por suas más ações - mas a
porta do arrependimento nunca esteve totalmente fechada para ele. Mas,
apesar das pragas e do sofrimento que se seguiu, o Faraó se recusou a ver a Mão de D'us. Suas racionalizações, seu desprezo pelos demais e sua teimosia levaram à sua trágica queda e à destruição de seu poderoso reino.

No que tange ao Povo Judeu, eles observaram as Dez Pragas dizimarem o Egito
enquanto permaneciam a salvo. Claramente, isso não foi obra do acaso. Com cada praga que atingia o Egito, os judeus se convenciam de que o D'us de seus
antepassados não os tinha abandonado. Tinha vindo resgatá-los da escravidão
e do genocídio, e interferia abertamente em Seu mundo para punir aqueles que
vitimavam o Seu povo. Vinha salvá-los com Sua mão poderosa e Seu braço
estendido.

A Divisão do Mar

No entanto, nem as Dez Pragas foram suficientes para convencer os egípcios
de que foi D'us - e não Moshé e Aharon - quem viera libertar os judeus. Apenas alguns dias após permitir que o Povo Judeu deixasse o Egito, o Faraó e a totalidade de seu exército saem à caça dos fugitivos judeus para trazê-los de volta. Apesar do terror das pragas, os egípcios estavam tão confiantes na vitória que, nessa saída militar, adornam seus cavalos com ornamentos em ouro, prata e pedras preciosas.

O Povo Judeu havia deixado o Egito no dia 15 de Nissan. Em torno do dia 20, o
Faraó e seu exército tinham-nos alcançado. E os judeus se vêem presos em uma armadilha: tinham atrás de si o Faraó e seus homens, e à sua frente o Mar de Juncos. Apesar de tudo o que tinham presenciado no Egito, ficaram desesperados e gritam a Moshé: "Foi porque não havia sepulcros no Egito que nos trouxeste para morrer no deserto? O que nos fizeste, ao nos tirar do Egito?"(Ibid, 14: 11). Cheios de temor, os judeus dizem a Moshé: "Deixa-nos e serviremos aos egípcios. Pois nos é melhor servir aos egípcios do que morrer no deserto!" (Ibid, 14: 12).

Moshé ora a D'us e Ele lhe ordena: "Toma teu cajado e estende tua mão sobre o mar e fende-o, e que os Filhos de Israel entrem pelo meio do mar, em seco". (Ibid, 14: 16). As águas do Mar de Juncos se abrem, permitindo que os judeus atravessem. Os egípcios, que claramente não haviam aprendido a lição com as Dez Pragas, saem no seu encalço. Quando o exército do Faraó está no meio do mar, D'us começa a castigá-los. Em pânico, os egípcios exclamam: "Fugirei diante de Israel, pois o Eterno luta por eles contra o Egito!" (Ibid, 14: 25). Mas, sua sorte já fora selada. Seguindo instruções Divinas, Moshé estende sua mão sobre o mar e, na manhã do 21o dia de Nissan, sétimo dia de Pessach - que, na Terra de Israel, é o último dia da festividade - as águas voltam a se unir e engolem todo o exército do Faraó.

A divisão do Mar foi o ponto culminante do Êxodo, pois mesmo depois de os judeus terem fugido do Egito, o exército desse país permaneceu intacto e a ameaça da volta à escravidão ainda existia. No mar, os judeus foram perseguidos por uma força militar extremamente poderosa, que facilmente os teria vencido e capturado. Segundo o Midrash, havia 30 egípcios para cada judeu. Somente quando o mar se dividiu e engoliu o exército egípcio foi que o êxodo judeu realmente se completou.

No 15º dia de Nissan - dia em que os judeus deixaram o Egito, primeiro dia de Pessach - D'us puniu o Egito com a 10ª praga, mas os judeus deixaram o país como escravos em fuga. No 21º dia de Nissan, após a divisão do Mar, como vimos acima, os judeus se tornaram um povo verdadeiramente liberto. Contudo, há uma razão mais profunda para a divisão do mar ser mais importante do que as Dez Pragas. No Egito, os judeus presenciaram ocorrências sobrenaturais, mas quando o Mar de Juncos se abriu ao meio, todos os judeus adquiriram a condição de profetas.

Está escrito no Midrash que mesmo o mais simples dos judeus "viu no Mar de Juncos o que não fora visto nem pelo profeta Ezequiel", cuja visão da Carruagem Divina é a base do estudo da Cabalá.

No Mar de Juncos, os Céus se abriram; todos os judeus, mesmo as crianças, tiveram uma visão do mundo infinito. Por essa razão foi naquele momento, e não antes - nem mesmo durante as pragas que se abateram sobre o Egito - que "o povo temeu ao Eterno, e creram no Eterno e em Moshé, Seu servo". (Ibid, 14:31).

Antes dessa experiência profética, os judeus haviam testemunhado vários milagres e maravilhas. Mas sua fé em D'us e em Seu emissário não era absoluta. Como fizera o Faraó, eles também poderiam ter racionalizado sobre o que ocorrera no Egito. Talvez as Dez Pragas tivessem sido uma coincidência - muito pouco provável, certo, mas ainda assim uma coincidência. Talvez houvesse alguma explicação natural para elas terem caído sobre os egípcios e não sobre os judeus. Talvez o Faraó e seus feiticeiros estivessem certos: Moshé e Aharon eram apenas super-magos que tinham conseguido manipular a natureza para destruir o Egito, enquanto protegiam os judeus.

Resumindo, pura e simplesmente, as Dez Pragas não eram prova suficiente - nem para os judeus, que entraram em pânico diante da divisão do mar, nem para os egípcios, que foram atrás deles.

Mas, com a divisão do mar, tais dúvidas se desvaneceram. Os egípcios por fim reconheceram a verdade - infelizmente, quando já era tarde. Para os judeus, não se tratou de mais outro milagre, mas do ponto de partida para o objetivo supremo do Êxodo - o recebimento da Torá - que somente poderia ter ocorrido depois dos Filhos de Israel vivenciarem as revelações espirituais da divisão do mar. No sétimo e último dia de Pessach todos os judeus se tornaram profetas. D'us se tornou uma realidade tão palpável que, na Canção do Mar, entoada pelo Povo Judeu em louvor a D'us por sua salvação, as crianças proclamaram: "Este é meu D'us!", indicando claramente perceber a Presença Divina.

A experiência profética que ocorreu no Mar de Juncos preparou os judeus para a Revelação Divina que iria ocorrer no Monte Sinai, apenas 50 dias após o Êxodo.

Continua...

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