Para informações aos pacientes de HIV, o que é Genotipagem e como funciona.
Rede Nacional de Laboratórios de Genotipagem
O sucesso do tratamento anti-Aids tem aumentado o tempo e a qualidade de vida das pessoas soropositivas. Porém, ele pode ficar comprometido a longo prazo pelo desenvolvimento da resistência aos anti-retrovirais, que leva à falha do esquema terapêutico utilizado. A adesão adequada ao tratamento e o teste de genotipagem constituem os principais fatores a serem considerados para o sucesso da Terapia Anti-Retroviral (TARV) potencializada.
Apesar de algumas limitações, o teste traz benefícios e esclarece pontos essenciais para a definição da continuidade do tratamento. Uma pesquisa realizada no Brasil pela Rede Nacional de Genotipagem (Renageno), numa amostragem de 500 pacientes, indicou que apenas 7% não apresentavam resistência a nenhum dos anti-retrovirais em uso.
Detectar a ocorrência de resistência genotípica (mutações do HIV) em pacientes em uso de terapia anti-retroviral (ARV) possibilita uma reorientação do tratamento e seleção de uma terapia de resgate. Considerando essa necessidade, o Programa Nacional de DST e Aids implantou uma rede de laboratórios (Rede Nacional de Genotipagem - RENAGENO) para executar o exame de genotipagem. A Renageno tem por objetivo estimar, nas diferentes áreas geográficas e sub-tipos circulantes, a prevalência de mutações e sua associação com o estadiamento clínico, exposição prévia aos ARV e aos esquemas terapêuticos em uso no momento da coleta.
A Renageno estabeleceu-se como política nacional em 1999 e seu funcionamento operacional iniciou-se no segundo semestre de 2001. Atualmente é composta de 20 laboratórios executores. Além dos laboratórios, 365 Médicos de Referência em Genotipogem (MRG), (sendo 265 infectologistas e 100 pediatras) que integram a Rede. Estes profissionais orientam o corpo médico dos serviços na indicação, utilização e interpretação de testes de genotipagem para seleção de um esquema anti-retroviral de resgate terapêutico.
Já um outro estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com 791 pacientes revelou números ainda mais preocupantes: somente 1% não apresentou resistência. O mesmo levantamento demonstrou que 94,7% eram resistentes aos inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRN), 58%, aos inibidores da protease (IP), e 48%, aos inibidores da transcriptase reversa não-análogos de nucleosídeos (ITRNN).
A resistência às drogas da terapia anti-retroviral está fortemente associada à falha do tratamento, o que exige resgate terapêutico. Nessa hora, o teste de genotipagem pode ser instrumento útil na seleção das drogas do novo esquema. Alguns estudos prospectivos já realizados selecionaram pacientes com falha terapêutica e os organizaram em dois grupos. Em um deles, a mudança do tratamento se baseou apenas na experiência clínica; no outro, também no teste de genotipagem. Os resultados foram os seguintes:
1. No grupo da genotipagem, o resgate foi significativamente melhor. Além de a queda viral ter sido mais significativa, maior número de pacientes obteve carga viral indetectável, que é o efeito desejado da terapia.
2. O teste não era perfeito. Apenas cerca de 30% conseguiram o sucesso absoluto, que é a carga viral indetectável.
Em outras palavras: a genotipagem tem limitações em algumas situações. Mesmo assim, é o melhor instrumento diagnóstico que se tem no momento para enfrentar a resistência do HIV aos anti-retrovirais. Logo, é preciso aprender a lidar com o teste, pois ele pode ajudar a prolongar a vida do tratamento e, conseqüentemente, a das pessoas com HIV/Aids.
Estas informações estão no Grupo pela Vida de São Paulo.
Luz e Paz,
Marilda Jorge
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