Os mudrás (gestos com as mãos) são como os mantras: sons considerados sagrados, ou específicos, que conferem à mente o poder de concentrar-se e transcender estados comuns de consciência e auxiliam na manutenção do bem-estar e da saúde.
Os hastha-mudrás fazem parte de antiguíssimos e preciosos ensinamentos da ciência yoga. Durante milhares de anos, o saber existente por detrás da anatomia, fisiologia e simbologia dos mudrás manteve-se quase que em completo desconhecimento, conhecido apenas pelos grandes yogues do passado.
Ao longo do tempo, tais ensinamentos foram transmitidos por mestres de grande saber aos seus discípulos.
Toda pessoa interessada em aprender e praticar tais mudrás pode muito beneficiar-se de suas propriedades terapêuticas.
O termo sânscrito “mudraa” ou “mudrá” significa “selo”, “gestos especialmente realizados com as mãos” e/ou “expressões faciais”.
O Kularnava Tantra e o Nigranthu Tantra, dois antigos textos clássicos, mencionam a respeito de seu significado; o primeiro é considerado um dos mais importantes tratados tântricos, pertence à Escola de Kaula (Shakti), escrito em 1150 d.C., trata da relação entre mestre e discípulo. “Hastha” significa “mão”. A raiz “mud” significa “encanto”, “força”, “poder”, “magia”, “prazer”; e o sufixo “dru”, “tornar”, “vir a ser”.
Segundo o Shiva Samhitá (“Coleção dos Ensinamentos de Shiva”), existem dezesseis diferentes categorias de mudrás e diversas subdivisões para cada uma dessas categorias, dentre as quais encontram-se os hastha-mudrás – gestos simbólicos com as mãos. Tal importante tratado de Yoga aborda a filosofia Natha (“mestre, senhor”, título do deus Shiva e de vários adeptos do Tantra, especialmente de Matsyendra e Gorakshanatha), escrito, provavelmente, no século XVII, foi originalmente composto na forma de diálogo, um tanto poético, entre Shiva e sua esposa Parvati, onde ele a ensina a prática do Hatha-Yoga.
Os Hastha-mudrás constituem um grupo importante de gestos ou selos que envolvem posicionamento específico das mãos, dos dedos e movimento da articulação do punho. Os gestos simbólicos com as mãos podem ser constituídos de diversas formas: união do dorso da mão com a palma; das palmas das mãos (justapostas); das pontas de dois ou mais dedos; entrelaçamentos dos polegares; ambas as mãos formando um mudrá, etc.. Destinam-se à prática de concentração, meditação, exercícios respiratórios (para o controle da bioenergia), saudação, oração e, inclusive, no combate de diversas doenças.
O que representa cada dedo da mão
Importantes e sensíveis ramificações nervosas chegam até as pontas dos dedos, assim como também inúmeros e finos canais de energia. Na mão, encontra-se a representação dos cinco elementos da natureza. Cada dedo da mão representa um tattva (elemento) e corresponde a um órgão do corpo: o dedo polegar, o éter ou espaço (cérebro); o dedo indicador, o elemento ar (pescoço, traqueia e pulmões); o dedo médio, o elemento fogo (esôfago, estômago e intestino); o dedo anular, o elemento água (rins, bexiga e aparelho reprodutor); e o dedo mínimo, o elemento terra (pericárdio, coração e sistema circulatório). Cada dedo apresenta uma polaridade ou carga elétrica. O polegar é neutro. O indicador e o anular são de carga negativa. Já o médio e o mínimo, positivos. Pode-se, assim, dizer que quando uma ou mais pontas dos dedos se tocam, forma-se um circuito elétrico.
Num passado longínquo, grandes sábios yogues descobriram que determinados hastha-mudrás poderiam ajudá-los a controlar o prana no organismo, através de cinco gestos denominados Pancha Prana Váyu Mudrás. Na Índia, os hastha-mudrás não são apenas utilizados pelos grandes yogues, vaidyas (médicos ayurvédicos) e brâmanes (sacerdotes védicos), mas também pelos kshátriyas (casta guerreira da sociedade hindu) e pelas devadasis (bailarinas) da dança clássica indiana (Bhárata Natyam). É perceptível a influência dos mudrás nos rituais sagrados das antigas civilizações. Além dos hindus, muitas outras culturas também empregam tais gestos com as mãos: hebreus, cristãos, budistas, etc.
Mudrás e concentação trazem benefícios em poucos minutos
Segundo antigos e grandes mestres do Yoga e Ayurveda, a concentração, por alguns minutos, em gestos específicos realizados com as mãos (hastha-mudrás) pode conferir energia, bem-estar, vitalidade, tranquilidade, equilíbrio, proteção, estados elevados de consciência, controle da mente e do prana (energia da vida), alguns siddhis (poderes psíquicos), controle da dor, cura para diversas enfermidades e o despertar da kundalini (energia latente situada no Muladhara-Chakra, na base do cóccix).
É muito interessante a experiência de concentrar e meditar, por um determinado tempo, nos hastha-mudrás, aqui apresentados, e usufruir de seus incríveis efeitos terapêuticos. A sua prática regular e/ou várias vezes durante o dia pode tornar-se de grande valia para aqueles que realmente necessitam de suporte terapêutico, uma vez que não apresentam efeitos colaterais.
Alguns dos hastha-mudrás produzem efeitos terapêuticos em poucos segundos, outros necessitam de mais tempo, para que possam ser percebidos. Alguns são mais fáceis e confortáveis de serem praticados por um tempo maior, outros menos confortáveis, como é o caso do Linga Mudrá (em que se tem de manter o dedo polegar para cima) cujo efeito é muito interessante e benéfico para a saúde e imunidade. Para melhores resultados, deve-se adotar um hastha-mudrá, pelo menos, durante três a cinco minutos.
Mudrás
Aquele que desejar aprendê-los e praticá-los deverá observar atentamente as ilustrações e seguir passo a passo as descrições abaixo de como realizá-los corretamente.
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